Enchantments - Prose and Poetry

domingo, 18 de dezembro de 2016

Ano Novo


Ao estalar dos fogos,
Estalo contigo o meu amor
E mergulho contigo na praia
Da felicidade! 

Natividade


O natal é uma preciosidade,
Pois é o testemunho de um
Deus que se fez carne!

sábado, 17 de dezembro de 2016

Soneto de um Amor Maduro

O tempo solidifica os sentimentos,
Tal qual o concreto de uma longa ponte,
Que liga duas ilhas a um só horizonte,
É o amor que fornece esses elementos.

Somos apenas pássaros maduros
Residindo em uma mesma baía,
A comida e a calma nos atraía,
E onde podemos nos achar seguros.

Uma revoada passa junto a nós eventualmente,
Eles vão para o Sul em busca de outras terras,
Mas a nós nos basta nós dois, somente.

A nossa aurora se foi há alguns verões,
Seguimos para o crepúsculo das nossas vidas,
E que o destino nos ofereça boas sensações.

Soneto de um Amor Juvenil

Tudo é tão belo e tão frágil na juventude,
São pássaros novos a se conhecerem,
Em suas paixões ainda por nascerem,
E tudo é sorriso e solicitude.

E a moça pede um beijo ao rapaz,
E ele receoso, beija-a ainda sem o saber,
E a atração mútua começa a acender,
E as suas almas perdem a paz.

As tempestades da carne o acometem,
Os turbilhões de desejos ganham força,
E o mundo das paixões os elegem.

Mas como tudo na vida é transitório,
A amor pode ir embora a qualquer tempo,
Deixando-os com o primeiro momento ilusório.

Aguamento

Flor, eu sou teu jardineiro,
Inclina o teu caule,
Desejo-te baforar amor!

sábado, 10 de dezembro de 2016

Endereço

O reduto do poeta é o coração,
Lá, ele é o senhor dos sentimentos
Um anfitrião. 

Mensagem

Velho mar...
Quando a brisa tocar 
A minha fronte,
Tomarei o barco
Das memórias. 

Intento

Explorarei a amplitude do teu ser,
Deixa-me apenas um farol,
A fim de que não me perca! 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Mas se o Quebra-mar...

Não somente quebrasse as ondas da praia,
A fim de proteger a orla e os animais terrestres,
Mas também quebrasse a inveja das pessoas
E o ressentimento guardado nos corações,
Como também a maledicência dos seres humanos
E ainda as mentiras que todos carregamos.
Tornar-se-iam todos vapores de água salgada
A fim de higienizar os espíritos
Com o sal que dá origem
Ao Amor.

Desacerto

Não sou eu um arquétipo de cidadão,
Nem tampouco de capitalista exemplar,
Pois nunca fui pássaro preso a qualquer gaiola,
Nem caranguejo que não dispõe de toca,
Sou sim coruja que alça voo na noite,
À querer beijar a Lua e a brisa marítima.
Sou desacertado na ave que sou e
cujo nome se chama
Liberdade.

O Sol e a Púrpura

Ao tocar a tua pele crepuscular,
O meu Sol foi arrebatado
E tudo se tornou púrpura! 

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O Sol...


Ilumina cotidianamente
As areias da praia,
As flores de alamanda,
A brancura do lírio da paz,
Os pássaros marinhos,
Os coqueiros da beira-mar,
Os sonhos da jovem estudante,
As fantasias da senhora recatada,
E os anseios da mulher apaixonada.

Contudo, o Sol também alumia
As queixas da mulher abandonada,
As lágrimas da criança de rua,
Os resmungos do idoso esquecido,
O cadeirante que não é enxergado, 
A família que não dispõem de um teto,
Os queixumes do mendigo da praça, 
O amor do casal de poucos recursos,
E o poeta os abraça com a sua pena.

Quando Eu Atracar o meu Barco de Palavras...


No cais desconsolado que está em ti,
E lançar a minha âncora e a minha escada,
A fim de me integrar a ti completamente,
E tocar o teu mundo e a tua realidade,
Desacortinando-te, desanuviando-te,
Eu te darei uma maleta de palavras,
E uma bagagem de sentimentos,
A fim de que eu possa te presentear,
Pois o meu barco de palavras atraca
Aonde existe um porto seguro,
E onde existe um farol incandeiado,
A fim de me mostrar o caminho,
E eu possa atracar no teu coração,
Intimamente, lucidamente,
Sem precisar de um rebocador,
Pois sou capitão-mor da poesia.

Não me Imponha...


A poesia floreada, repleta de rimas,
Os versos com estrofes acadêmicas,
Com decassílabas, com dodecassílabos,
Nem o sonetinho amoroso e romântico,
Que exagera nas palavras doces,
Não me imponha o formal,
Pois eu sou um pássaro livre,
Que não aceita gaiola,
E nem tampouco ração,
E a minha morada 
É a Liberdade.
   

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Lançamento do Livro de Contos: O Amor, A Espada e a Honra.



Já está à venda o meu quinto livro de ficção chamado "O Amor, a Espada e a Honra", que foi publicado pela Editora Bookess. À princípio, está disponível apenas no formato digital (e-book). Fiquem à vontade para adquiri-lo no site da editora. O preço da obra é R$ 13,83.
Um fraterno abraço. 
Fábio Pacheco. 
Recife, 04/11/16.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Não Te Receias de Mim...


Pois eu sou apenas um pássaro,
À espera do crepúsculo tropical.
Sou um albatroz que pesca o seu peixe,
Envolvido em seu trabalho inglório.
Ou um pelicano que namora o Sol,
E que não tem medo do quebra-mar.
Portanto, não te receias de mim,
Quiçá eu seja apenas um sargaço marinho,
Que navega de acordo com a correnteza,
E que tem por destino as areias da praia.
Porventura eu seja apenas a brisa do mar,
Ao mesmo tempo tão presente na orla
E tão invisível.

Concerto ao Maledicente


Quando a boca suja e corruptora,
Desejar-te a ruína moral,
E depreciar a tua reputação,
Com palavras escuras,
Não ligas, não te importas,
Canta para o maledicente
A Opereta da Piedade.
E pede que toquem
O Concerto da Indiferença.
Só conhece a embarcação
Quem nela navega.

Lembrar-me-ei de Ti...


Mão estendida, solícita,
Quando a colheita chegar,
E eu puder usufruir da lavoura,
Nela estão os meus sonhos,
Tão açoitados, tão ofendidos,
Desconfigurados pelo mundo,
Mas, ainda assim, subsistem,
Lembrar-me-ei de ti, filantropo,
Mão estendida a minha pessoa,
Honrando-me como ser humano.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Poeta Rupreste...


Silvestre, agreste...
Do pomar da Natureza,
Usufruo intensamente.
Mas, ainda assim, confesso:
Sou apenas um espelho
Rudimentar, tosco,
A espelhar o que é belo,
E o meu artifício são os versos,
Revoada de palavras ao espaço,
A querer, presunçosamente,
Abarcar o inarbarcável.

Cancioneiro


Seria eu um cancioneiro da Natureza?
Sempre imberbe, sempre altaneira.
Seria eu um fortuito cancioneiro?
À cantar o mar, o campo e a floresta,
Quiçá eu seja, provavelmente.
Mas com a mesma paixão que teria
Ao cantar uma serenata à amada

Disponho-me...


Ao despropósito, ao despalpério,
Ao desfrute dos insensatos,
Que preferem contemplar a Lua
A contar notas gordas de dinheiro.
Que preferem ver o nascer do Sol
A comprar e a vender ações da bolsa.
Que preferem a púrpura do crepúsculo,
Ao cartão de crédito com duas bandeiras.
Disponho-me às veredas do desimportante,
Pois eu bebo da fonte do imperecível
E resido na casa chamada:
Aformoseamento.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O Tangível e o Intangível


O impalpável é mais valoroso do que o palpável,
Como o imperecível é mais caro do que o perecível.
O amor prevalece acima de qualquer riqueza,
A dignidade vale mais do que barras de ouro,
O bom senso é mais precioso do que uma joia.
Quando o ser humano enxergar o que não vê,
Mas sente aflorar da sua alma, tal qual o suor,
Então, enfim, ele será embebido da Completude.  

Quando Ofereçeres Ajuda...


Oferece-a por completo,
Um rio não corre até metade do caminho,
Ele precisa beijar o mar, tocá-lo.
A chuva não cai somente até o telhado,
Precisa tocar o solo, aguá-lo.
Não se veste um terno pela metade,
Necessita-se da gravata e do cinto.
Quando ofereceres ajuda,
Entrega-te cuidadosamente,
Assim como o Sol se entrega
Diante da Natureza
Integralmente.

Interação


A afinidade surge entre as almas, subitamente,
Tal qual o vento que surge numa montanha,
Ou um pássaro que aparece na nossa janela.
O maior presente do destino é o feedback.
Quando nós bebemos da mesma fonte,
Quando mergulhamos no mesmo rio,
Produzimos o fruto comum e compartilhado
Da Interação.  

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

As Minhas Palavras...


Chegam intrépidas ao teu coração,
E tocam-te, intimamente,
Tal qual uma canção madrigal,
Cantada por um violeiro,
Que canta a seresta da vida,
Cumpro então o meu papel,
De ser um cancioneiro híbrido,
À misturar o desimportante,
À diluir o mar dos sentimentos,
E a colocar o meu barco de palavras
No cais desconsolado que está em ti.

Usurpo os Teus Conceitos...


A fim de que eles sejam libertos,
Tudo que é hermético é desumano,
Basta de déspotas, de impositores!
Não somos donos nem de nós mesmos.
O destino de toda a carne é a terra,
E do espírito o fim é a Divindade.
Chega de fundamentalistas de plantão!
Ao cego e ao fraco, a claridade e a força,
Pois a canção do ser humano é a canção
do Livre-arbítrio.

Fortuitamente...


Aprecias as palavras desse poeta.
Do meu pomar usufruis costumeiramente,
As minhas palavras são frutos da aurora,
Mas também são frutos do crepúsculo.
Fortuitamente, recorres a mim,
Como um guardador de palavras.
Contudo, a minha maleta de versos,
Deixa de ser apenas minha, ao me leres.
Então eu também sou um doador de palavras,
À suprir as tuas necessidades incontudentes,
Como incontudente é todo poeta desse mundo,
Abarcado por cifras, patrimônios e status quo.
Ofereço-te então uma miríade de versos,
Pois é o único presente que disponho.
Salvaguardo, assim, as palavras,
Do contragolpe dos materialistas,
Pois o reduto do verso é o reduto
Do não-monetário.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Carrego Comigo...


O fardo dos meus defeitos,
Mas, afinal, quem não os carrega,
Sábio é aquele que sabe disso,
Não existe ombro que não os tenha,
Mas a ruína está em dizê-los publicamente,
Guardando o sigilo, guarda-se a reputação,
E o meu fardo é distinto do teu fardo,
Pois a minha história é distinta da tua,
É preciso, em regime de urgência,
Adotarmos o pássaro chamado:
Tolerância.

Mas se a Brisa do Mar...


Por alguns instantes, cessasse,
E cessassem também os sonhos juvenis,
Como também os sonhos dos decanos,
E os sonhos febris da jovem namoradeira,
Assim como as algazarras das crianças.
 
E as flores não mais nascessem da terra,
Nem tampouco os frutos das árvores.
E as borboletas parassem o seu voo,
E o próprio Sol não mais se movesse,
Assim como a sua irmã: a Lua cheia.
 
Quiçá, ainda assim, permanecessem
A poesia e o poeta, porém, congelados,
Tais quais imponentes estátuas de bronze,
À esperar o reavivamento do tempo e espaço.
Mas se a brisa do mar, eterna e constante,
Por um momento, cessasse a sua majestade,
Mesmo assim, o poeta ainda seria um poeta.
 

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Barcarola


Quando o Sol nasce no horizonte
E surge a brisa que sopra vinda do mar,

Apropriando-se da paisagem litorânea,
Os albatrozes animam-se em revoada,
Os pelicanos sentem-se extasiados,
Os caranguejos surgem das suas tocas,
As areias da praia adquirem novas cores,
As ondas do mar revigoram-se em azul,
E o azul do céu desperta do crepúsculo,
E o pescador sai da sua casa de adobe,
Sorridente, com a sua rede em mãos,
E a sua jangada sai da praia intrépida,
A fim de beijar o mar e a brisa matinal,
Aí sim, a Natureza da costa se consome
E expressa aos seres vivos a nota musical
Chamada Beleza.

Ao Meu Pai


Quero guardar de ti apenas as boas lembranças,
Das tuas virtudes, do teu desprendimento,
Dos teus ensinamentos, da tua dignidade,
Há um ano, caro advogado, uma doença te levou,
Golpeando a todos, deixando um vácuo,
Ofereço-te esta poesia, velho e honroso pai,
Tal qual um pequeno tributo em tua memória,
Que as minhas palavras reverberem
E cheguem até onde estejas e sintetizem
A palavra Gratidão.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O Contra-argumento das Flores


Ao contragolpe da vida,
Ofereço uma flor de Alamanda.
Ao contragosto das circunstâncias,
Entrego uma flor de Jasmim.
Ao contraponto dos insaciáveis,
Agrado-lhes com Lírios da Paz.
Ao contra-argumento dos agressores,
Entrego-lhes uma flor de Lotus.
Pois para a floresta das contrariedades,
Utilizo o imenso jardim das piedades.

O Inverno e o Mar II (ou O Casamento Marítimo)


A brisa fria do mar e o cinza do céu
Envolvem todas as criaturas
São doces invólucros intransponíveis
Apropriam-se da paisagem litorânea,
Pois é o momento do inverno se casar
Com o mar.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Proponho-te...


Largar-te no mundo, completamente,
Tal qual um cometa no espaço,
Solto, desgarrado, ao Deus dará,
Por um instante, ao menos,
Proponho-te a liberdade,
Mas não a da carne
E sim a da alma.

À Noite...


Quero mergulhar no teu mar,
Um mar, às vezes, tempestuoso,
Noutras ocasiões, é de calmaria,
O teu mar é quente e convidativo,
Tal qual o mar dos trópicos,
Torna-me-ei um mergulhador,
Que quanto mais conhece o mar,
Mais quer conhece-lo,
Contudo, és abissal,
E, em ti, perco-me,
Efetivamente.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

As Ondas...


Deitam-se brancas nas areias da praia,
São as noivas virgens da Natureza,
Beijam o quebra-mar tal qual estivessem
Beijando o noivo, lisonjeado,
E nessa cerimônia, os padrinhos são o oceano
E a brisa que vem do mar tropical,
Uma revoada de pelicanos fazem a platéia,
Além de um casal de caranguejos amarelos,
Casam-se as ondas todos os dias,
Nesse ir e vir da maré baixa e alta,
E sob as bênçãos do sacerdote:
O Sol.

À Custa de Muito Esforço...


O mar é formado pelos rios e
pelas águas das chuvas,
E um livro é formado por um
conjunto de páginas ordenadas,
E um diamante é concebido
no interior da crosta terrestre,
E o petróleo surge da
decomposição orgânica,
E um aluno se torna
um doutor, um médico,
À custa de muito suor,
Tudo é concebido,
Pois o mundo é fruto
do Sacrifício.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Eventualmente...


Nasce um artista no mundo,
Decerto seja um episódio relevante,
Pois é uma criatura que imita o Criador
Naquilo que Ele tem de mais formidável: 
O dom fecundo da criatividade.
O artista enxerga o que ninguém enxergou,
E experimenta o que ninguém experimentou.
Criatura eremita, misantropa, exótica,
Que contribui para mudar o mundo,
Eventualmente, nasce um artista:
Um poeta, um pintor, um escultor,
Eventualmente, nasce uma estrela.

Próximo a um Vale, em Garanhuns...


Encostei-me em um pé de carambola
E contemplei um lugar verde e profundo,
A neblina ocupava a paisagem rural,
Vacas malhadas e serenas pastavam,
Próximas a um riacho verde e raso,
Casas pequenas campeavam as encostas,
Bem-te-vis sobrevoavam o céu invernal,
Um velho agricultor plantava pés de feijão,
E uma senhora lavava uma trouxa de roupas,
O céu e o Sol saboreavam o crepúsculo,
E a temperatura baixava cada vez mais,
E o som que se ouvia era o da mata,
E a sinfonia que se ouvia era a da cigarra, 
E o maestro de tudo isso: a Natureza.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

O Inverno e o Mar


O céu metarmofoseia-se da cor púrpura
Para uma cor acinzentada, plúmbea.
O calor se esvai e o frio é o maestro,
A brisa tropical arrefece-se diante da costa
E todos os biquínis se transformam em moletons,
E a areia da praia é abandonada,
O pescador sai de casa à contragosto,
Pois o seu ofício lhe convoca,
A noite invernal é algo pujante,
Eventualmente, um casal de namorados
Toma coragem e passeia pela praia
Abraçados, quase colados entre si,
E algum cachorro caminha, arrepiado,
Em busca de algum peixe morto.
E a música ouvida nessa paisagem
É a da tempestade que se avizinha,
Que abarca tudo que é tangível.
Abstraio-me de tudo isso e confesso:
Como é belo o nosso inverno.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Aprecio as Grandes Paisagens...


Do mar azul dos trópicos,
que surpreende qualquer estrangeiro,
Das montanhas escarpadas,
que mostram o quanto somos pequenos,
Do deserto, com as suas dunas,
que parecem abarcar os nossos olhos,
Do céu estrelado e infinito,
que nos oferece o que é pujante,
Aprecio as grandes paisagens,
pois elas nos oferecem a escala
da Divindade.

Não me Ofereça...


O desassossego, a festa, a algazarra,
Lamento, mas não bebo da fonte do tumulto,
Sou amante do silêncio e da mansidão,
Apreciador do som que vem do mar e da mata,
Portanto, não me ofereça a bandeja 
vermelha da inquietação, do alvoroço,
Pois eu me transformo, a um só golpe,
Em um albatroz que foge para o mar,
A fim de sentir a brisa e o Sol,
Ou então em uma arara azul da floresta,
Que almeja apenas o galho de uma árvore,
Pois eu sou o poeta da quietude.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Quando um Jangadeiro...


Chegar na praia com a sua rede
quase vazia, seca de vida,
pois os peixes apagaram-se,
por falta de amor dos homens,
e não puderam mais nadar,
nem acasalar, nem comer,
não possuírem mais cores,
nem tamanhos variados,
muito menos vários nomes.
E a baleia jubart
não puder mais cantar
a opereta dos mares
para a sua fêmea.
E os golfinhos, sagazes,
deixarem de ser acrobatas
e naturalmente brincalhões
para virarem peças de 
museus empoeirados
e pouco visitados.
Então, enfim, o mar,
velho senhor azul,
Não será mais o mar,
será apenas um
amontoado de água.


Em Brasília...

Existem Robin Hoods, pseudo-santos,
Outros se julgam bastiões da moralidade,
Mas logo mostram o podridão das suas almas,
Ainda outros, consideram-se donos do poder,
Acima de tudo e de todos, tais quais deuses,
Outros ainda perdem, mas não sabem perder,
E esperneiam, reclamando como crianças,
Todos habitam o Planalto Central,
Na centralidade do Brasil,
Sendo o centro das atenções,
Das desatenções:
E das decepções.

Contemplação Noturna da Praia

Quando a Lua cheia surgir no horizonte,
E refletir a sua alvura no mar tropical,
Fazendo brilhar as espumas das ondas
Incandeiando as areias da costa
Provocando o surgimento dos peixes,
Que querem ver a beleza do astro,
Arquétipo de uma noite premiada
E a coruja levantar vôo das árvores,
A fim de contemplar mais de perto
A presença inaudita da Lua
E a própria maré for seduzida
E mudar o seu temperamento
Por causa da Dama da Noite
E os caranguejos saírem das suas tocas
Pensando inocentemente que já é dia
E o velho pescador, em sua plenitude,
Jogar a sua rede no mar,
A fim de abarcar o seu pão
E a brisa do mar invadir a praia
Assanhando os cabelos das mulheres
Então, enfim, haverá surgido
O momento do poeta dar a luz
A poesia.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Mulher na Praia


Mergulhas no mar azul,
Tal qual uma ninfa marinha,
Tua pele é resplandecente,
Da cor de púrpura,
Teu biquíni é finíssimo,
Chamando a atenção
Dos homens: tuas vítimas,
Teu corpo lembra a de uma
Deusa grega, talvez Afrodite,
Teus cabelos, cor de ouro,
Reluzem aos olhos de todos,
Parece que tu mesma é o Sol,
Ao sair da praia, seminua,
As próprias sereias te invejam,
Sensualidade é o teu sobrenome,
E o teu nome se chama Desejo,
A brisa da praia te cobre com alegria,
E onde pisas nasce uma rosa vermelha,
Se pudesses, pisarias o mundo todo,
E todo o mundo tornar-se-ia um roseiral,
Então, deita-te na tua toalha,
Imponente, indecente, indolente,
A fim de que o Sol tenha a regalia
De te bronzear, avermelhar-te,
Quiçá o próprio Netuno te deseje,
E te leve para ser a rainha dos oceanos:
Mulher na praia.

Versos Salgados


O Sol rubro se põe no horizonte,
A bahia ainda é refletida pela insolação,
Passaros brancos e rechonchudos manobram no ar, 
As ondas e as espumas formam um dueto, 
A brisa do mar abraça a mim e a minha companheira,
Somos todos cabelos desgrenhados e toalhas revoltas.

A minha companheira lê uma notícia da revista de novelas,
Solicita, estende a sua mão morena e delicada a mim,
Sou recíproco, somos todos reciprocidade e afeto,
Um caranguejo amarelo se aproxima de mim,
Ele tem braços disformes, um másculo e um raquítico,
Cilíndricos são os seus olhos a me fitar, 
Pareciam querer dizer algo a esse poeta,
Com a sua boca esquisita e espumante.

A Natureza pretendia nos cobrar algum dízimo,
Pela beleza que contemplavamos naquela praia,
A minha amada paga-a com um sorriso branco,
Então, o caranguejo contempla-a com os seus olhos-antenas,
Baixa os seus braços, dá as costas e vai embora.

Indignação


Quando os 33 monstros profanarem a jovem,
Profanando o corpo, templo sagrado da alma,
Tão íntimo, delicado e frágil,
Ofendendo o povo brasileiro,
Ultrajando a própria humanidade,
E o Cérbero, em pessoa, desejar
furiosamente abocanha-los
E leva-los para as portas do Inferno,
Quando os 33 selvagens se apropriarem
do corpo da jovem, maldosamente,
Por puro prazer, por puro machismo,
Covardemente, perversamente,
E um ciclope quiser abate-los
a um só golpe, definitivamente,
Quando os 33 bárbaros invadirem
a alma de uma jovem, heregemente,
Saciando-se em sua promiscuidade,
Egoísticamente, insanamente,
E o anjo mal quiser levá-los
para o pior dos Infernos,
Não olhe, não lamente:
Dê-lhes às costas.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Âncora Deixada na Praia


Outrora, eras o consolo de um grande navio,
Quantos portos já contemplaste no mundo,
Quantas décadas serviste passivamente,
Agora estás aí, abandonada, enferrujada,
Escurecida com a maresia e com as chuvas,
O teu reduto agora são as areias da praia,
Habitas próxima à linha d'água, na maré baixa,
Às vezes, és castigada perante as ondas,
Mas estás aí, em pé, tal qual um guarda,
Que toma conta da natureza circundante,
Como seria bom se tivéssemos uma âncora,
Para nos segurar nos momentos turbulentos,
Impedindo-nos de cometer os erros da vida,
Contudo, somos todos barcos abandonados ao vento,
Vivemos à deriva dos nossos impulsos e sentimentos,
E nem todo mundo possui uma âncora chamada:
Prudência.



Cântico para a Pedra


Não chores, pedra, pois a aurora vem em breve,
Não lamentes a estupidez do ser humano,
Não te queixes da corrupção nas esferas do governo,
Nem tampouco resmungues acerca das mentiras deles,
Afinal, és melhor do que todos eles, não tens pecado,
Na tua fronte, nasce uma flor amarela, 
Rodeada por uma coroa de Lírios da Paz,
E vestes uma túnica repleta de flores de Alamanda.
E logo em breve serás o Rei Pedra.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Mulher Descortinada


Desse teu recato rudimentar,
Transparece o teu corpo pujante,
Fartura de pernas, seios, costas,
Abarca-te a sensualidade
Desatino dos homens
Inaudito cenário íntimo
Descortinas o teu corpo,
Reduto de fogo e suor,
Antro de morenidade,
Berço de lavanda,
Descortinas o teu eu,
Como as cortinas de um teatro,
Tão vermelhas e tão misteriosas,
És um palco feito de carne,
Paraíso tangível de prazer,
Mulher descortinada
Tão escarpada e tão curvilínea
Assemelhando-se a uma cordilheira
Que quer se tocada pela brisa e
Pelas ondas do mar,
Descortinas o teu desejo
De ser mar, de ser montanha,
De ser mulher descortinada.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Luzes Humanas


Somos todos arquétipos e paradoxos,
Eventualmente, somos poços de padrões,
Vitimados pelas gerações anteriores,
Mas o meu Sol não é igual ao teu Sol,
E a minha luz é distinta da tua luz,
Apesar de termos o mesmo Lanterneiro,
Que é o Deus de todas as religiões,
Contudo, ocasionalmente, formamos cidades,
De pessoas, de sonhos e de momentos.

Recitei Algumas Poesias...


Há algum tempo, não muito,
Para a minha companheira
E ela, prontamente, emocionou-se,
Para a minha mãe, 
E ela também caiu em prantos,
Indago-me se sou porta-voz
Da tristeza ou da alegria
Quando exponho o dom da poesia.

A lágrima é o curioso fruto tangível
Que se apropria das almas sensíveis,
Tal qual a brisa diante do poeta,
Que o envolve sem pedir licença
A cada verso pode nascer uma lágrima
E porventura será elemento da beleza.

E todo poeta é pescador do que é belo,
Que é pescado no mar da imaginação
E a rede do poeta abarca o mundo
Palpável e impalpável, visível e invisível,
Trago comigo a minha rede de versos,
Que me acompanha por todos os cantos,
Pois não há hora nem lugar
Para se pescar a beleza.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Solicito os Teus Ouvidos...


Para que eu possa afirmar, francamente,
Que a vida, às vezes, é rubra como o céu crepuscular,
Em outras ocasiões, mais alegres, torna-se rosácea e escarlate,
E em outros momentos tristes, adquire a cor de chumbo,
Nas horas de esperança, transparece tons de verde,
Noutras horas, mais prósperas, surge um degrade amarelo,
Ainda em outras, apropria-se do branco da paz,
E em momentos de sabedoria, adquire nuances de azul,
Solicito os teus ouvidos para te dizer 
Que todas essas cores residem em nós,
Tal qual um arco-íris que nasce numa cordilheira
E que se estende até a aurora, no mar.

É Preciso que eu Cante o Vento...


Pois ele é monossilábico e pouco celebrado,
O vento que sopra na praia ou nas montanhas,
Que assanha os cabelos da jovem estudante,
E que levanta a saia da senhora recatada,
Invisível, contudo, quase onipresente no mundo,
Move hélices, papéis, cortinas e barcos à vela,
Serpenteia o lixo da rua, erguendo-o para o ar,
Esfria os nossos corpos do calor do verão tropical,
E invade as nossas casas à qualquer momento,
Por isso, é preciso que eu cante o vento.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

A Lua, o Mar, o Barco e o Poeta


Quando a brisa do mar tocar a minha fronte,
E a Lua cheia surgir no céu outonal de abril,
Serei eu poeta da natureza e do alumbramento.

Quando o mar receber a luz da Lua em sua superfície,
E a praia transparecer a beleza das espumas brancas,
Serei eu poeta da boêmia, do canto e da nostalgia.

Quando o barco vermelho surgir no horizonte,
Transportando peixes, redes, suores e pescadores,
Serei eu poeta do abarcamento e do firmamento.

A Propósito da Prosa e da Poesia


Enquanto a prosa serve para transmitir uma mensagem de um agente emissor para um agente receptor, a poesia se preocupa com o domínio das palavras, com a beleza das palavras. Nesse sentido, a prosa se preocupa em dizer algo do mundo real ou irreal, ficcional, enquanto que a poesia é um elemento que nos enriquece com a diversidade e a composição das palavras. Enfim, ambas são artes distintas que compõem a literatura.

Referências Bibliográficas - Poetas Estrangeiros


Lista com os poetas estrangeiros que aprecio e que, a meu ver, vale à pena os prezados amigos e amigas conhecerem as respectivas obras poéticas:

1- Fernando Pessoa;
2- Pablo Neruda;
3- Federico Garcia Lorca;
4- Luís Vaz Camões;
5- Florbela Espanca;
6- Dante Aliguiere;
7- Edgar Allan Poe;
8- Lord Byron;
9- Dom Dinis;
10- Cesário Verde;
11- Walt Witman;
12- Arthur Rimbald;
13- Charles Baudelaire;
14- Emily Dickinson;
15- Stéphane Mallarmé.

Um fraterno abraço.
Fábio Pacheco.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

A Sinfonia e a Rosa


Ao reunir um quarteto de violonistas,
Solicitarei que toquem algo aprazível
Quando tu, rosa vermelha que nasce na praia,
Inclinares o teu caule a fim de ouvir os instrumentos
E, do íntimo do teu ser, te sentires sensibilizada
Com os acordes tocados com grande sincronia e amor,
Torna-te-às mulher, símbolo maior da delicadeza,
Quando tu, rosa vermelha que nasce na praia,
Apropriar-te dos anseios do som e da melodia
E bebestes, carinhosamente, aquilo que é belo,
Serás então nascedouro de sonhos e prazeres
A abarcar o poeta, tal qual a brisa do mar,
Quando tu, rosa vermelha que nasce na praia,
Perceberes lucidamente que a música te entranha
Sutilmente, e efetivamente, assim como um inseto,
Que sorve tua essência com calma e discrição,
Transforma-te-às em carne, em pernas e curvas, 
Quando tu, rosa vermelha que nasce na praia,
Te sentires, ao mesmo tempo, mulher e flor,
Então sim, a composição surtirá o efeito por mim desejado.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Aos Refugiados


Carregam consigo primeiramente o medo
Também transportam uma maleta de esperança
De dias melhores, de dias de paz e respeito
Eles vêm das terras secas do Oriente Médio
Banhadas pelo sangue das vítimas da intolerância
Mergulhadas em um mar de fanatismo religioso.

Eles vêm das terras que estão sendo bombardeadas 
E desejam apenas não serem mortos e enterrados
Atravessam o Mar Mediterrâneo em barcos ou à nado
Preferem morrer tentando sair do Inferno
Do que dentro dele, subjugados pelo ódio
São os refugiados, são os árabes, são os sírios
São, enfim, seres humanos.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Sol de Março


Resplandecente é o Sol que nasce no mar
Derramando a sua luz sobre a natureza
Majestosa é a aurora que acorda a humanidade
Lembrando-nos que somos os únicos seres 
Que podem refletir sobre a beleza desse fenômeno
Branca é a luz que cobre todo o globo terrestre
Como é branca a cor que representa a paz
Março surge como uma bandeira de esperança
Revigorando, potencializando, encorpando,
Que o Sol encorpe o ano todo com a sua luz.

Num Condomínio


Como é bela a conversa na janela,
De Manuela, Marília e Gabriela,
Manuela limpa a blusa amarela,
Marília passa detergente na tela,
Gabriela lustra um jogo de panela,
Manuela trabalha para um artista de novela,
Marília é diarista de um atleta da vela, 
Gabriela é empregada de um pintor de tela,
São honrosas trabalhadoras que essa poesia revela.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Boca


As palavras podem ser flores
Ou podem ser flechas
A mesma boca que elogia
Pode ser a que fere
Pois ninguém sabe o dia de amanhã
Não se surpreenda com as vogais
Não tema todo o alfabeto
Nem receie o vocabulário
Tememos a criatura chamada 
Boca.

Aos Idosos


Artrites, artroses, escolioses,
Esquecimentos, fraquezas,
Agressões verbais e físicas,
Preconceitos, desrespeitos,
Dependências, impotências,
Bengalas, andajas, 
Fraldas geriátricas,
Resmungos, insônias,
Decadências...
Como é bela a velhice,
Ela nos lembra que somos
Humanos.