Enchantments - Prose and Poetry

domingo, 19 de outubro de 2014

Isenta de Roupas...



Isenta de pudor, isenta de timidez,
Isenta de lucidez, isenta de decências.

Desprovida de juízo, desprovida de sensatez,
Desprovida de medo, desprovida de aparências.

Abolida de vestido, abolida de si de vez,
Abolida de formalidades, abolida de opulências.

Nua de si mesmo, nua da morbidez,
Nua de arroubos, nua... apenas nua... 

A cada fio de cabelo branco...




É um vazio e um cheio que se forma em mim,
São jarras de água da maturidade que eu bebo,
Gota a gota, calmamente, como um bom vinho,
São pétalas de juízo e rajadas de vento de sabedoria,
São comprimidos de bom senso prescritos à alma,
Refinando-me, aperfeiçoando-me, apaziguando-me,
A cada fio de cabelo branco... ou prata... incolor...
É, enfim, um nada e um tudo que se forma em mim.

sábado, 11 de outubro de 2014

Dilma ou Aécio



De um lado, a solidariedade e a evolução,
Do outro, o preconceito, o elitismo e o retrocesso,
De um lado, a popularidade e a coragem,
Do outro, quer mudar tudo, denegrir o processo,
Eis o cenário do segundo turno da eleição.

Armadura



De uma das torres do meu castelo, contemplo os mouros,
Eles vem armados, gritando, quase enlouquecidos,
Enviei a minha tropa ao encontro deles, para fazer a defesa,

Mas eles são muitos, atravessaram o Mar Mediterrâneo,

E as minhas terras são a porta de entrada de Portugal,

E o rei me abandonou, escondeu-se na sua corte, em Lisboa,

Talvez tenha rido do meu mensageiro, menosprezando-me,

Eu, um mero nobre, um marquês, residente na fronteira,

Mas dos meus impostos ele não ri, aquele sovina.



Beijo a minha esposa, beijo os meus oito filhos,

Eles sabem que nunca mais me verão,

Por isso choram copiosamente,

Peço aos meus vassalos que me vistam,

A minha armadura é pesada,

As minhas pernas tremem,

Um deles me entrega a minha espada,

Colocam o meu capacete,

O meu capelão reza uma oração ao meu sucesso,

Eu ri, não sei o porquê, não consegui me segurar,

Montei o meu cavalo predileto,

Mandei abrir os portões do castelo,

Dei o meu último aceno a minha família,

E desembainhei a minha espada,

Pois a batalha derradeira me espera...