Mulher Cintilante

Brilha por completo o teu ser sobre a face da Terra,

E concorres com o teu brilho com o velho Sol chamejante,

De ouro puro revestes os teus cabelos e a tua pele,

A fim de atrair todos os homens, e a todo o instante

Envolve-los com o teu fluido de ouro e púrpura,

E diante dessa sua presença majestosa e inebriante,

Iluminas todas as coisas e todos os seres ao teu redor,

E, enfim, tu mesmas te transformas numa estrela infante.

Acompanha-me

Ao me dares as tuas mãos e seguires os meus passos,

Sentiste a brisa fria e desaforada da noite sobre a tua pele,

- Iluminada pelos postes magros e tristes do parque -

Ao me entregares o teu corpo sob a minha responsabilidade,

Eu te envolvi com o manto do amor, do respeito e do carinho.

Quando o receio da escuridão e do silencio te abater,

Eis-me aqui para te assistir com a minha armadura de piedade,

Ao afrontar-te com o mundo desconhecido e imprevisível,

- Serei eu, poeta, teu guia, tua luz, teu candeeiro, teu guerreiro -

Então, querida, acompanha-me na jornada da vida. 
   

Impressões sobre a Literatura Pernambucana

Depois de quase vinte anos envolvido com o mundo literário do estado, constato que a literatura é palco para a autopromoção e o egocentrismo de alguns indivíduos que almejam comandar toda a efervescência literária da região. Cerca de duas dezenas de figuras "ilustres" comandam os eventos de literatura que ocorrem nas terras de Manuel Bandeira, Joaquim Cardozo, Nelson Rodrigues e João Cabral de Melo Neto.

Eles, os escritores desse grupo, concebem toda a programação literária e convidam apenas as pessoas que são do seu círculo literário, apesar de divulgarem, de uma forma bastante discreta, na mídia local que tais eventos são abertos ao público. E os escritores (jovens ou experientes) que estão fora desse círculo são intencionalmente esquecidos e, portanto, excluídos dos eventos culturais do estado. É por esse motivo que muitos escritores contemporâneos saíram daqui e foram para o sudeste do Brasil, pois lá eles tem mais valorização do seu trabalho e da sua pessoa. Pois é, essa é a breve impressão desse poeta acerca da literatura em Pernambuco nos dias de hoje.

Luxúria

Pecado doce como uma maçã coberta com mel de engenho,

Onde a nudez é a protagonista e a mandatária,

Luxúria que acomete ricos e pobres, mulheres e homens,

Que tem uma origem histórica e centenária,

Onde o cenário principal é o quarto, a cama e os seus lençóis,

E a poesia te deve tributo, velha e querida ordinária.

Versos a Pseudo-Amizade

Desculpem-me as pessoas que fingem ser amigas, mas não são,

Perdoem-me as pessoas dissimuladas e artificializadas,

Que fingem uma amizade que não existe, porém, com esse poeta não,

Pois repudio as falsidades que são para mim impetradas,

E no mundo desse poeta não existe lugar para a prática da desunião.

Beijo e Mel

Quando a alma está desolada, o melhor mesmo é contemplar o azul do céu,
Azul celeste, azul angelical, azul mariano, azul que traz a paz e a sabedoria,
Contemplas também a doce noite estrelada, que entrega a todos o seu véu,
Noite dos poetas, dos amantes e dos boêmios, que oferece a todos a calmaria,
E, assim, provas do banquete da vida, da salada de frutas, do beijo e do mel.
  

Versos à Igrejinha de Boa Viagem

Quantas décadas atravessastes (e resististes) perante os homens,
Quantos recifenses tu batizaste, casastes e enterrastes,
Quantos padres e sacristãos subiram no seu pequeno altar-mor,
Quantas famílias tu recebestes solícita e compassivamente,
Sim, igrejinha de costas para o mar e de frente para o povo,
Esses versos são para ti, secular Igreja de N. S.(a) de Boa Viagem.