Enchantments - Prose and Poetry

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Aprecio as Grandes Paisagens...


Do mar azul dos trópicos,
que surpreende qualquer estrangeiro,
Das montanhas escarpadas,
que mostram o quanto somos pequenos,
Do deserto, com as suas dunas,
que parecem abarcar os nossos olhos,
Do céu estrelado e infinito,
que nos oferece o que é pujante,
Aprecio as grandes paisagens,
pois elas nos oferecem a escala
da Divindade.

Não me Ofereça...


O desassossego, a festa, a algazarra,
Lamento, mas não bebo da fonte do tumulto,
Sou amante do silêncio e da mansidão,
Apreciador do som que vem do mar e da mata,
Portanto, não me ofereça a bandeja 
vermelha da inquietação, do alvoroço,
Pois eu me transformo, a um só golpe,
Em um albatroz que foge para o mar,
A fim de sentir a brisa e o Sol,
Ou então em uma arara azul da floresta,
Que almeja apenas o galho de uma árvore,
Pois eu sou o poeta da quietude.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Quando um Jangadeiro...


Chegar na praia com a sua rede
quase vazia, seca de vida,
pois os peixes apagaram-se,
por falta de amor dos homens,
e não puderam mais nadar,
nem acasalar, nem comer,
não possuírem mais cores,
nem tamanhos variados,
muito menos vários nomes.
E a baleia jubart
não puder mais cantar
a opereta dos mares
para a sua fêmea.
E os golfinhos, sagazes,
deixarem de ser acrobatas
e naturalmente brincalhões
para virarem peças de 
museus empoeirados
e pouco visitados.
Então, enfim, o mar,
velho senhor azul,
Não será mais o mar,
será apenas um
amontoado de água.


Em Brasília...

Existem Robin Hoods, pseudo-santos,
Outros se julgam bastiões da moralidade,
Mas logo mostram o podridão das suas almas,
Ainda outros, consideram-se donos do poder,
Acima de tudo e de todos, tais quais deuses,
Outros ainda perdem, mas não sabem perder,
E esperneiam, reclamando como crianças,
Todos habitam o Planalto Central,
Na centralidade do Brasil,
Sendo o centro das atenções,
Das desatenções:
E das decepções.

Contemplação Noturna da Praia

Quando a Lua cheia surgir no horizonte,
E refletir a sua alvura no mar tropical,
Fazendo brilhar as espumas das ondas
Incandeiando as areias da costa
Provocando o surgimento dos peixes,
Que querem ver a beleza do astro,
Arquétipo de uma noite premiada
E a coruja levantar vôo das árvores,
A fim de contemplar mais de perto
A presença inaudita da Lua
E a própria maré for seduzida
E mudar o seu temperamento
Por causa da Dama da Noite
E os caranguejos saírem das suas tocas
Pensando inocentemente que já é dia
E o velho pescador, em sua plenitude,
Jogar a sua rede no mar,
A fim de abarcar o seu pão
E a brisa do mar invadir a praia
Assanhando os cabelos das mulheres
Então, enfim, haverá surgido
O momento do poeta dar a luz
A poesia.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Mulher na Praia


Mergulhas no mar azul,
Tal qual uma ninfa marinha,
Tua pele é resplandecente,
Da cor de púrpura,
Teu biquíni é finíssimo,
Chamando a atenção
Dos homens: tuas vítimas,
Teu corpo lembra a de uma
Deusa grega, talvez Afrodite,
Teus cabelos, cor de ouro,
Reluzem aos olhos de todos,
Parece que tu mesma é o Sol,
Ao sair da praia, seminua,
As próprias sereias te invejam,
Sensualidade é o teu sobrenome,
E o teu nome se chama Desejo,
A brisa da praia te cobre com alegria,
E onde pisas nasce uma rosa vermelha,
Se pudesses, pisarias o mundo todo,
E todo o mundo tornar-se-ia um roseiral,
Então, deita-te na tua toalha,
Imponente, indecente, indolente,
A fim de que o Sol tenha a regalia
De te bronzear, avermelhar-te,
Quiçá o próprio Netuno te deseje,
E te leve para ser a rainha dos oceanos:
Mulher na praia.

Versos Salgados


O Sol rubro se põe no horizonte,
A bahia ainda é refletida pela insolação,
Passaros brancos e rechonchudos manobram no ar, 
As ondas e as espumas formam um dueto, 
A brisa do mar abraça a mim e a minha companheira,
Somos todos cabelos desgrenhados e toalhas revoltas.

A minha companheira lê uma notícia da revista de novelas,
Solicita, estende a sua mão morena e delicada a mim,
Sou recíproco, somos todos reciprocidade e afeto,
Um caranguejo amarelo se aproxima de mim,
Ele tem braços disformes, um másculo e um raquítico,
Cilíndricos são os seus olhos a me fitar, 
Pareciam querer dizer algo a esse poeta,
Com a sua boca esquisita e espumante.

A Natureza pretendia nos cobrar algum dízimo,
Pela beleza que contemplavamos naquela praia,
A minha amada paga-a com um sorriso branco,
Então, o caranguejo contempla-a com os seus olhos-antenas,
Baixa os seus braços, dá as costas e vai embora.

Indignação


Quando os 33 monstros profanarem a jovem,
Profanando o corpo, templo sagrado da alma,
Tão íntimo, delicado e frágil,
Ofendendo o povo brasileiro,
Ultrajando a própria humanidade,
E o Cérbero, em pessoa, desejar
furiosamente abocanha-los
E leva-los para as portas do Inferno,
Quando os 33 selvagens se apropriarem
do corpo da jovem, maldosamente,
Por puro prazer, por puro machismo,
Covardemente, perversamente,
E um ciclope quiser abate-los
a um só golpe, definitivamente,
Quando os 33 bárbaros invadirem
a alma de uma jovem, heregemente,
Saciando-se em sua promiscuidade,
Egoísticamente, insanamente,
E o anjo mal quiser levá-los
para o pior dos Infernos,
Não olhe, não lamente:
Dê-lhes às costas.