Blog destinado à produção poética, literária e filosófica do escritor recifense Fábio Pacheco. Sejam todos bem-vindos. Translation: Blog for the poetic, literary and philosophical of writer recifense Fábio Pacheco. All are welcome. Traducción: Blog de lo poético, literario y filosófico do escritor recifense Fábio Pacheco. Todos son bienvenidos.
Enchantments - Prose and Poetry
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Âncora Deixada na Praia
Outrora, eras o consolo de um grande navio,
Quantos portos já contemplaste no mundo,
Quantas décadas serviste passivamente,
Agora estás aí, abandonada, enferrujada,
Escurecida com a maresia e com as chuvas,
O teu reduto agora são as areias da praia,
Habitas próxima à linha d'água, na maré baixa,
Às vezes, és castigada perante as ondas,
Mas estás aí, em pé, tal qual um guarda,
Que toma conta da natureza circundante,
Como seria bom se tivéssemos uma âncora,
Para nos segurar nos momentos turbulentos,
Impedindo-nos de cometer os erros da vida,
Contudo, somos todos barcos abandonados ao vento,
Vivemos à deriva dos nossos impulsos e sentimentos,
E nem todo mundo possui uma âncora chamada:
Prudência.
Cântico para a Pedra
Não chores, pedra, pois a aurora vem em breve,
Não lamentes a estupidez do ser humano,
Não te queixes da corrupção nas esferas do governo,
Nem tampouco resmungues acerca das mentiras deles,
Afinal, és melhor do que todos eles, não tens pecado,
Na tua fronte, nasce uma flor amarela,
Rodeada por uma coroa de Lírios da Paz,
E vestes uma túnica repleta de flores de Alamanda.
E logo em breve serás o Rei Pedra.
sexta-feira, 20 de maio de 2016
Mulher Descortinada
Desse teu recato rudimentar,
Transparece o teu corpo pujante,
Fartura de pernas, seios, costas,
Abarca-te a sensualidade
Desatino dos homens
Inaudito cenário íntimo
Descortinas o teu corpo,
Reduto de fogo e suor,
Antro de morenidade,
Berço de lavanda,
Descortinas o teu eu,
Como as cortinas de um teatro,
Tão vermelhas e tão misteriosas,
És um palco feito de carne,
Paraíso tangível de prazer,
Mulher descortinada
Tão escarpada e tão curvilínea
Assemelhando-se a uma cordilheira
Que quer se tocada pela brisa e
Pelas ondas do mar,
Descortinas o teu desejo
De ser mar, de ser montanha,
De ser mulher descortinada.
quarta-feira, 11 de maio de 2016
Luzes Humanas
Somos todos arquétipos e paradoxos,
Eventualmente, somos poços de padrões,
Vitimados pelas gerações anteriores,
Mas o meu Sol não é igual ao teu Sol,
E a minha luz é distinta da tua luz,
Apesar de termos o mesmo Lanterneiro,
Que é o Deus de todas as religiões,
Contudo, ocasionalmente, formamos cidades,
De pessoas, de sonhos e de momentos.
Recitei Algumas Poesias...
Há algum tempo, não muito,
Para a minha companheira
E ela, prontamente, emocionou-se,
Para a minha mãe,
E ela também caiu em prantos,
Indago-me se sou porta-voz
Da tristeza ou da alegria
Quando exponho o dom da poesia.
A lágrima é o curioso fruto tangível
Que se apropria das almas sensíveis,
Tal qual a brisa diante do poeta,
Que o envolve sem pedir licença
A cada verso pode nascer uma lágrima
E porventura será elemento da beleza.
E todo poeta é pescador do que é belo,
Que é pescado no mar da imaginação
E a rede do poeta abarca o mundo
Palpável e impalpável, visível e invisível,
Trago comigo a minha rede de versos,
Que me acompanha por todos os cantos,
Pois não há hora nem lugar
Para se pescar a beleza.
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Solicito os Teus Ouvidos...
Para que eu possa afirmar, francamente,
Que a vida, às vezes, é rubra como o céu crepuscular,
Em outras ocasiões, mais alegres, torna-se rosácea e escarlate,
E em outros momentos tristes, adquire a cor de chumbo,
Nas horas de esperança, transparece tons de verde,
Noutras horas, mais prósperas, surge um degrade amarelo,
Ainda em outras, apropria-se do branco da paz,
E em momentos de sabedoria, adquire nuances de azul,
Solicito os teus ouvidos para te dizer
Que todas essas cores residem em nós,
Tal qual um arco-íris que nasce numa cordilheira
E que se estende até a aurora, no mar.
É Preciso que eu Cante o Vento...
Pois ele é monossilábico e pouco celebrado,
O vento que sopra na praia ou nas montanhas,
Que assanha os cabelos da jovem estudante,
E que levanta a saia da senhora recatada,
Invisível, contudo, quase onipresente no mundo,
Move hélices, papéis, cortinas e barcos à vela,
Serpenteia o lixo da rua, erguendo-o para o ar,
Esfria os nossos corpos do calor do verão tropical,
E invade as nossas casas à qualquer momento,
Por isso, é preciso que eu cante o vento.
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