Enchantments - Prose and Poetry

sábado, 28 de junho de 2014

A Copa do Mundo do Brasil


Enquanto o Brasil carece de uma boa educação e saúde,
A Copa do Mundo transcorre com sucesso e pomposidade,
Enquanto existe uma enorme população de desempregados,
A Copa do Mundo é realizada com imensa notoriedade,
Enquanto ocorrem manifestações pelas ruas das metrópoles,
A Copa do Mundo promove a nossa pseudo-brasilidade,
Enquanto esse poeta escreve esses versos de desabafo,
Mais uma seleção vence e mergulha num mar de felicidade,
E enquanto houver bola rolando, o povo fantasia-se e esquece...
Da sua triste e cotidiana realidade.
 

Bola Rolando...



Torcida animada,
FIFA lucrando,
Governo ganhando,
Povo sofrendo,
Mas bola rolando...
Imprensa iludindo,
Militares intimidando,
Helicópteros vigiando,
Cidadãos intimidados,
Estrangeiros adulados,
Empresários lucrando,
E o povo sofrendo,
Mas bola rolando...

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Contemplação do Rio Capibaribe


Encosto-me ao parapeito e vejo-te com olhos de criança,
Quantas pontes! Quantos casarios! Quantos palacetes!
Rua da Aurora, que realmente contempla o nascer do sol,
Rua do Sol, que de verdade observa o por do sol,
Mas que maravilha é o cenário do meu Capibaribe,
Que também é o Capibaribe de Manuel Bandeira,
Que também é o Capibaribe de Joaquim Cardozo,
Já não sou eu, poeta, que te canto,
Mas é o Recife que canta em mim! 
  

Crepúsculo no Parque


Sento-me ao teu lado e seguro a tua mão,
Quero contemplar junto a ti o fim do dia,
Os pássaros encerram o seu expediente,
As borboletas cessam o sobrevoo floral,
As crianças param de brincar e vão para casa,
As mães querem banhá-las e servirem o jantar.


O velho pipoqueiro está ali, solícito e sereno,
Assim como todos os dias, um após o outro,
A senhora do algodão doce encerra seu dia,
Conta o apurado do dia e dá um sorriso,
Então, abraço-te ao contemplar tudo isso.


A noite chega branda, discreta e educada,
Quase constrangida pela sua chegada,
Poder-se-ia nos dizer: “Com licença, casal.”
Então, beijo-te, como na primeira vez,
E o nosso beijo se mistura com a paisagem;
A paisagem do crepúsculo, da beleza e da paz.      

     

domingo, 8 de junho de 2014

Homem Objeto e Mulher Objeto


Nesse mundo imagético e vazio, as pessoas almejam encontrar outras que sejam objetos do seus desejos: desejos de beleza, desejos financeiros, desejos profissionais, desejos amorosos, dentre outros desejos. Algumas pessoas se apropriam do outro como se essas vítimas não tivessem vida, nem direito ao livre arbítrio. Aprisionando-as em seus prazeres, e desejos de aparências e sorrisos quase forçados. Tornando a vítima, enfim, um autômato ou mesmo um brinquedo, olhando pelo viés infantil. Nesse sentido, as redes sociais são um espelho dessa má conduta social. Coisificando, assim, o homem e a mulher em defesa das aparências e de elogios e "curtidas" dos seus amigos e amigas.

Flor do Estelita


Estás aí, pequena, branca, pura e iluminada,
Enquanto a aristocracia do concreto maquina a tua destruição,
Estás aí, bela, abençoada e desajeitada,
Enquanto homens engravatados tramam contra a tua condição,
Estás aí, vinda do mato e da terra recifense,
Enquanto a tua casa, o Estelita, corre o risco da cruel dissolução,
Estás aí, ainda assim, altiva e valente,
Assim como o povo recifense, que te apoia em virtuosa união.
 

sábado, 7 de junho de 2014

Queixa-te


Queixa-te para mim, dá-me as tuas dores,
Sim, entrega-me os teus problemas,
Derrama sobre mim as tuas lágrimas,
Sou teu fiel ouvinte e compartilho do teu sofrimento,
Pois a dor que habita em ti é a dor que habita em mim,
Queixa-te a mim, como uma criança se queixa ao seu pai,
Entrega-me a tua maleta de mágoas e de injustiças,
Eu sou teu maleiro, com resignação e piedade,
Queixa-te a esse poeta que habita a melancolia,
Pois dessa residência sou hospede antigo,
Vem, eu te mostro os teus aposentos,
Afinal, essa casa tem muitos quartos,
Ofereço-te o meu auxílio, a minha atenção,
Entregar-te-ei o lençol da consolação,
E o travesseiro do desabafo.
 

domingo, 1 de junho de 2014

Ao Cais José Estelita


Querem tirar a tua identidade, caro José Estelita,
Alegam que já não tens mais uso, te tornastes um vadio,
Querem tirar o teu nome de cais, caro José Estelita,
A fim de colocarem um conjunto de prédios espigões,
Querem nos tirar o teu espaço, caro José Estelita,
Pois esse país é regido pelo interesse e pelo dinheiro,
Querem nos tirar o teu corpo, a tua alma e o teu coração!

 

Beleza do Amor


Quando a aurora promove os raios multicores sobre a Terra,
Quando uma rosa cresce e produz o cheiro agradável ao olfato,
Quando um beija-flor a sorve continuamente e carinhosamente,
Quando uma borboleta colorida sobrevoa as rosas alegremente,
Aí sim, contempla-se a beleza do amor!


Desconheço-te...


Vestido com essas vestes da estupidez e da insensatez,
{Desconheço-te}
Imbuído dos trajes da maledicência e da mesquinhez,
{Desconheço-te}
Portando a armadura da ofensa e da sordidez,
{Sim! Desconheço-te e afasto-me!}