Enchantments - Prose and Poetry

sábado, 12 de agosto de 2017

É Preciso Apreciar a Maresia...


Ela vem carregada de lembranças de outros tempos,
De outros marinheiros com outras vestes,
De outros barcos dotados apenas de velas,
De outros anzóis e de outras âncoras,
É preciso apreciar a maresia...
Ela abarca o convés,
Os andares do navio,
As cabines e o leme,
A cozinha e o refeitório,
A casa de máquinas,
Os mastros e as velas,
É preciso apreciar a maresia...
Com ela, vem a morena rendeira,
Que me aguarda no cais de pedra,
Com o seu vestido de rosas vermelhas,
Com a sua tiara nos cabelos de negrume,
Portando olhos castanhos como jacarandá,
E com o seu sorriso que arrebata a baía,
É preciso apreciar a maresia...
Que traz em mim alegria.

Servi para Ti...


Um cálice de vinho tinto,
Sentaste comigo no terraço,
Sorriste o teu sorriso de sete sóis,
E me olhaste com afeto.
A brisa do mar estava fria,
Mas o teu amor me aqueceu,
Mas o teu cheiro me envolveu.
A noite era desprovida de estrelas,
Porém, em ti se guardava um Sol.
Servi para ti um peixe com limão,
Pescado em alto-mar, com uma rede,
Mas foi a tua rede que me pescou,
Pescou os meus sonhos e versos,
Envolveu-me e conquistou-me.
Servi para ti um beijo,
Franco, generoso, fiel,
Testemunhado pela Lua,
Pelo mar e pelos vaga-lumes,
Servi para ti alguns versos.

À Tarde, na Praça...


Desses o ar da tua graça,
Estavas sentada num dos bancos molhados,
O inverno estava prestes a ceder o seu pranto,
Mas estava lá, com o teu vestido vermelho,
Lias um livro qualquer, tão solitário quanto ti,
O jardim estava um pouco desassistido,
Com as suas flores de alamanda,
Com os seus lírios da paz,
Com as suas flores de íris e de camará,
E sobre solo, uma grama recém-esverdeada,
Salva pela solidariedade da chuva invernal,
A praça estava solitária como ti,
Somente alguns pássaros te faziam companhia,
Estavas à chorar uma lágrima misteriosa,
Eu não sabia ao certo se de tristeza ou de alegria,
Estavas à aguar as folhas amarelas do livro,
Elas pareciam agradecer-te pelo banho,
Fui-me embora sem te recitar um soneto,
Não queria tirar de ti a tua tristeza,
Que te fazia tão bela como
Uma flor de jasmim.