Enchantments - Prose and Poetry

sábado, 25 de março de 2017

Intento


O meu veleiro de versos
Cruza todos os mares
E âncora, mansamente,
Nos corações.

Queixa


Tu, ninfa,
Que queres desse poeta?
Venci o cíclope
E o minotauro,
Mas não a ti! 

Arboreto de Sonhos

Carrego comigo
Uma pena,
Um tinteiro,
Um pergaminho
E um arboreto de sonhos. 

O Sino...


É a testemunha da mulher que alumiou a baía.
- O Sino -
Ele a viu, nos intervalos entre uma missa e outra,
Enquanto o sacristão acendia um cigarro qualquer,
E no momento em que o padre lia um jornal.
- O Sino -
Ele, o sino, apreciou-a, em todo o seu brilho,
Enquanto ela caminhava de bikini naquela praia,
Incandeiando toda as criaturas marinhas.
- O Sino -
Então apaixonou-se, queria ir ao encontro dela,
Contudo, estava preso por parafusos e porcas,
E predestinado a ficar para sempre naquela torre.
- O Sino -
Depois daquele dia, não mais tocou.

A Minha Rede de Pesca...


Apreende paisagens, mares e veredas,
Costurei-a com os fios da imaginação,
E é com ela que exerço o meu ofício,
Sempre navegando no meu veleiro,
Quantos momentos eu já pesquei com ela,
Farto-me com os peixes voadores dos versos,
E quando a pesca é próspera e inquietante,
Divido-a com os desassistidos de sonhos.

Certo Dia, no Cais...


Tu me apareceste como uma borboleta,
Eras repleta de cores e de vida,
O teu sorriso era o Sol surgindo num vale,
Estavas ali, pensativa e serena,
Contemplando o crepúsculo no mar,
Olhos castanhos como jacarandá,
Cabelos revoltos como os de uma sereia,
Estavas vestida com um vestido de flores:
As tuas irmãs de beleza e delicadeza,
Te encontravas sozinha, tal qual um pássaro
Perdido de alguma revoada vinda do norte,
Certo dia, no cais... eu te descobri,
Enquanto pescava algum verso na brisa,
Mas foi você que me trouxe uma dúzia deles,
E ofertou-me, calmamente, religiosamente,
Tal qual uma sacerdotisa da inspiração,
Eu assim os recebi e abracei-os,
E então foste embora com a tarde
Com o crepúsculo, as flores
E o teu Sol.