Enchantments - Prose and Poetry

domingo, 21 de dezembro de 2014

A Pertinência entre a Aristocracia e a Meritocracia




A aristocracia comandou toda a população ocidental por dezenas de séculos. É dela que surgiram os reis, os príncipes, os duques, os condes, os marqueses, dentre outros personagens significativos da nobreza. Imbuídos das suas terras, tesouros e sangue azul (ascendência aristocrática) eles impunham os seus objetivos aos escravos, aos camponeses e aos homens livres. Na maioria das vezes, era composta por pessoas evidentemente vaidosas e egocêntricas. E deixavam esse comportamento transparecer nas suas roupas elegantes e caras, nas suas pomposas carruagens, na arquitetura ornamentada dos seus palácios, palacetes e castelos. Elas eram utilizadas como símbolos hierárquicos de poder, que cumpriam o papel de as diferenciar das classes mais baixas da sociedade.
Com o advento da burguesia mercantilista, da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, a aristocracia começou a entrar em declínio, acentuando a sua derrocada e quase extinção no início do século XX. Foi nesse momento que começou a se fortalecer a meritocracia, que é valorização do homem utilizando como parâmetro a sua formação acadêmica, os seus títulos de ensino superior, universitário. O que aconteceu foi uma lenta substituição da cultura do título de nobreza, secular e fundiário, pela cultura do título acadêmico, universitário e profissional.
Na verdade, foi uma mudança do símbolo, mas não do valor socioeconômico que ele pode fornecer ao seu detentor. O título, como um importante elemento de barganha social e de status quo, apenas se modifica para atender as novas demandas técnicas, científicas e econômicas que surgiram com o conturbado e próspero século XX. Então, dito isto, pode-se seguramente afirmar que a aristocracia de ontem é a meritocracia de hoje. Não se modificaram os personagens, as classes sociais, os valores sociais e o comportamento das pessoas envolvidas, o que se metamorfoseou fora tão somente a nomenclatura e o objetivo final do referido título. E, no final das contas, é evidente que o poder socioeconômico sempre emanou do papel, do título legal, seja ele aristocrático ou universitário, e que fornece autoridade e credibilidade ao seu portador.

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