A
aristocracia comandou toda a população ocidental por dezenas de
séculos. É dela que surgiram os reis, os príncipes, os duques, os
condes, os marqueses, dentre outros personagens significativos da
nobreza. Imbuídos das suas terras, tesouros e sangue azul
(ascendência aristocrática) eles impunham os seus objetivos aos
escravos, aos camponeses e aos homens livres. Na maioria das vezes,
era composta por pessoas evidentemente vaidosas e egocêntricas. E
deixavam esse comportamento transparecer nas suas roupas elegantes e
caras, nas suas pomposas carruagens, na arquitetura ornamentada dos
seus palácios, palacetes e castelos. Elas eram utilizadas como
símbolos hierárquicos de poder, que cumpriam o papel de as
diferenciar das classes mais baixas da sociedade.
Com
o advento da burguesia mercantilista, da Revolução Industrial e da
Revolução Francesa, a aristocracia começou a entrar em declínio,
acentuando a sua derrocada e quase extinção no início do século
XX. Foi nesse momento que começou a se fortalecer a meritocracia,
que é valorização do homem utilizando como parâmetro a sua
formação acadêmica, os seus títulos de ensino superior,
universitário. O que aconteceu foi uma lenta substituição da
cultura do título de nobreza, secular e fundiário, pela cultura do
título acadêmico, universitário e profissional.
Na
verdade, foi uma mudança do símbolo, mas não do valor
socioeconômico que ele pode fornecer ao seu detentor. O título,
como um importante elemento de barganha social e de status quo,
apenas se modifica para atender as novas demandas técnicas,
científicas e econômicas que surgiram com o conturbado e próspero
século XX. Então, dito isto, pode-se seguramente afirmar que a
aristocracia de ontem é a meritocracia de hoje. Não se modificaram
os personagens, as classes sociais, os valores sociais e o
comportamento das pessoas envolvidas, o que se metamorfoseou fora tão
somente a nomenclatura e o objetivo final do referido título. E, no
final das contas, é evidente que o poder socioeconômico sempre
emanou do papel, do título legal, seja ele aristocrático ou
universitário, e que fornece autoridade e credibilidade ao seu
portador.