Após ler cuidadosamente esse livro de ficção, constatei que os sujeitos esquisitões sempre existiram na história do mundo ocidental. A trama gira em torno da relação doentia de um bem sucedido advogado, dono de um escritório, e de um dos seus subordinados, o estranho escriturário Bartebly. Numa sociedade repleta de regras como a do século XIX, surge um homem que vai contra todas elas com os seus "nãos" ou os "prefiro não fazer", do nosso protagonista (ou antagonista, se preferirem).
O célebre autor Herman Melville (*1.819, +1.891) se aproxima dos gigantes da literatura psicológica e social do seu tempo, como, por exemplo, Dostoiévsk, Tolstoi, Charles Dickens e Gogol. Aliás, o escritor norte americano parece ter recebido uma boa influência deste último autor citado, o russo Gogol. Nota-se na referida obra, claramente, a semelhança literária com as famosas novelas "O Capote" e "O Nariz". A intensa distinção de classes, os preconceitos sociais e morais, a humilhação, os conflitos pisicológicos, são temáticas correntes nesse tipo de literatura, o qual "Bartebly, o Escriturário" se enquadra com sucesso. É, sem dúvida, um bom livro.