Enchantments - Prose and Poetry

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Proponho-te...


Largar-te no mundo, completamente,
Tal qual um cometa no espaço,
Solto, desgarrado, ao Deus dará,
Por um instante, ao menos,
Proponho-te a liberdade,
Mas não a da carne
E sim a da alma.

À Noite...


Quero mergulhar no teu mar,
Um mar, às vezes, tempestuoso,
Noutras ocasiões, é de calmaria,
O teu mar é quente e convidativo,
Tal qual o mar dos trópicos,
Torna-me-ei um mergulhador,
Que quanto mais conhece o mar,
Mais quer conhece-lo,
Contudo, és abissal,
E, em ti, perco-me,
Efetivamente.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

As Ondas...


Deitam-se brancas nas areias da praia,
São as noivas virgens da Natureza,
Beijam o quebra-mar tal qual estivessem
Beijando o noivo, lisonjeado,
E nessa cerimônia, os padrinhos são o oceano
E a brisa que vem do mar tropical,
Uma revoada de pelicanos fazem a platéia,
Além de um casal de caranguejos amarelos,
Casam-se as ondas todos os dias,
Nesse ir e vir da maré baixa e alta,
E sob as bênçãos do sacerdote:
O Sol.

À Custa de Muito Esforço...


O mar é formado pelos rios e
pelas águas das chuvas,
E um livro é formado por um
conjunto de páginas ordenadas,
E um diamante é concebido
no interior da crosta terrestre,
E o petróleo surge da
decomposição orgânica,
E um aluno se torna
um doutor, um médico,
À custa de muito suor,
Tudo é concebido,
Pois o mundo é fruto
do Sacrifício.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Eventualmente...


Nasce um artista no mundo,
Decerto seja um episódio relevante,
Pois é uma criatura que imita o Criador
Naquilo que Ele tem de mais formidável: 
O dom fecundo da criatividade.
O artista enxerga o que ninguém enxergou,
E experimenta o que ninguém experimentou.
Criatura eremita, misantropa, exótica,
Que contribui para mudar o mundo,
Eventualmente, nasce um artista:
Um poeta, um pintor, um escultor,
Eventualmente, nasce uma estrela.

Próximo a um Vale, em Garanhuns...


Encostei-me em um pé de carambola
E contemplei um lugar verde e profundo,
A neblina ocupava a paisagem rural,
Vacas malhadas e serenas pastavam,
Próximas a um riacho verde e raso,
Casas pequenas campeavam as encostas,
Bem-te-vis sobrevoavam o céu invernal,
Um velho agricultor plantava pés de feijão,
E uma senhora lavava uma trouxa de roupas,
O céu e o Sol saboreavam o crepúsculo,
E a temperatura baixava cada vez mais,
E o som que se ouvia era o da mata,
E a sinfonia que se ouvia era a da cigarra, 
E o maestro de tudo isso: a Natureza.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

O Inverno e o Mar


O céu metarmofoseia-se da cor púrpura
Para uma cor acinzentada, plúmbea.
O calor se esvai e o frio é o maestro,
A brisa tropical arrefece-se diante da costa
E todos os biquínis se transformam em moletons,
E a areia da praia é abandonada,
O pescador sai de casa à contragosto,
Pois o seu ofício lhe convoca,
A noite invernal é algo pujante,
Eventualmente, um casal de namorados
Toma coragem e passeia pela praia
Abraçados, quase colados entre si,
E algum cachorro caminha, arrepiado,
Em busca de algum peixe morto.
E a música ouvida nessa paisagem
É a da tempestade que se avizinha,
Que abarca tudo que é tangível.
Abstraio-me de tudo isso e confesso:
Como é belo o nosso inverno.